28 de agosto de 2008

Rags and Feathers



Voltando com a nossa série sobre bandas escocesas, vamos conhecer o grupo folk de raíz, da cidade de Glasgow Rags and Feathers. A banda foi formada em 2007, e seu núcleo é formado basicamente por Tom Davis e Andrea Tomlinson, acompanhados por mais três integrantes. O nome da banda foi retirado de um trecho da letra de Suzanne de Leonard Cohen.O single de estréia "The End of Melancholy"/Silent Movie Starlets" saiu através da gravadora independente Lucky Number Nine, que também vai lançar o primeiro álbum "The Other Side of Morning" no final de setembro.
As canções do Rags and Feathers apontam para as composições mais folks do clássico álbum Comes a time de Neil Young, nota-se de imediato o efeito que o disco provocou no quinteto de escocês, principalmente na faixa "Loaded Dice" e "No Tomorrow". É impossível enxergar algo semelhante com o Belle and Sebastian, o acento tristonho é mais forte, não existe aquele clima ingênuo próprio do B&S. Talvez a canção "Hey yous" faça um pequeno flerte com a linha bellesebastiana. A expectativa é de que usem a música "The End of Melancholy "para a música de trabalho. Ainda que a banda aparentemente não alcance um grande público, é provável que emplaquem esse hit nas paradas independentes.

23 de agosto de 2008

Pero es olor en el cuarto del piano fue el primer perfume que necesitó en su vida V/A


Uma boa história merece ser contada várias vezes, e de diversas formas. Em alguns casos a transposição da linguagem original é um caminho natural, uma chance de mostrar a obra sob outro prisma, apontar atalhos e encher a imaginação de possibilidades.
Esse é o caso da trilha sonora "Pero Ese Olor En El Cuarto Del Piano Fue El Primer Perfume Que Necesitó En Su Vida". Na verdade é uma trilha sonora imaginária para o livro "Un mundo para Julius" (lançado no Brasil em 1987 pela Editora Rocco, atualmente fora de catálogo) do escritor peruano Bryce Echenique.

O segundo lançamento do selo/coletivo Si no puedo bailar no es mi revolución, já enche os olhos com o cuidado visual do cd. As ilustrações da embalagem digipack, que abre em 3 partes, retrata várias cenas da história, transpassando o espaço da capa, abas e contracapa, cobrindo o disco propriamente dito e ainda dimensionando tudo isso em um poster encartado. A arte ficou por conta de Gustavo Gialuca, que também desenhou o primeiro lançamento do selo. Além disso existe um site incrível especialmente feito para divulgar o disco, com informações sobre o projeto, as bandas e os pontos de venda da trilha.

Participam dessa trilha bandas do México, Peru, Chile, Argentina, Porto Rico, Venezuela, Chile e Brasil. Juntas elas delineam a história através das canções ora instrumentais e algumas com voz. A sonoridade que permeia a trilha transita entre o pop experimental e elementos de música eletrônica beirando o minimalismo. Os artistas exploram instrumentos pouco usais na música pop como vibrafone, escaleta, teclados antigos, pianos de brinquedo, glockenspiel, harmonica e acordeão. A ordem das músicas foi dividida nos trechos mais importantes do livro, e as canções sutilmente conduzem o ouvinte a imaginar a história ou recriar as cenas, desvendando assim uma atmosfera de sonho.

Com o auxílio dos outros participantes, artistas como Juan Stewart (destaque para a excelente faixa "Si hay bulla no hay futbolín"), Lise (com a melancólica canção "Sinara Aïssatou"), Arturo En El Barco (com seus ruídos fantasmagóricos) espírito divertido de Felipe Moreno ou os arranjos orquestrados de Jög conseguem estampar com perfeição a paisagem sonora do livro.

A trilha é ideal para diferentes experiências sensoriais, extraídas das formas mais simples como fechar os olhos, escutá-la com fones de ouvido ou quando a casa dorme, captando detalhes não percebidos nas audições anteriores. Assim como um bom livro merece releituras, o mesmo se aplica ao disco.

9 de agosto de 2008

Novo Ep do Postal Blue


Depois de dois de espera, o Postal Blue lançou um EP via Cloudberry, gravadora americana que tem no seu catálogo nomes como St.Christopher e Danny Says. O cd vem no charmoso formato de 3 polegadas. No myspace da banda estão disponíveis as faixas "You should keep it to yourlf" e "For You"(versão demo), além de outras gravações anteriores. Essas duas músicas tem um aspecto mais direto, uma certa urgência no clima das composições.

Confira baixando uma das faixas na página da gravadora. O cd custa $5 (cinco dólares) já com despesas de envio incluídas e você pode comprar diretamente com a gravadora, via paypal para shop@cloudberryrecords.com.


Biff Bang Pop! entrevistou via e-mail Adriano Ribeiro vocalista/ guitarrista e compositor da banda, sobre mudanças, projetos, compactos de vinil e muito mais.

Nesse Ep mais recente, lançado pela Cloudberry houve uma mudança no som do Postal Blue. As canções estão mais aceleradas, os teclados predominando, e as guitarras em segundo plano. Essas composições foram feitas da mesma maneira que as anteriores?

As guitarras, na verdade, ficaram mais proeminentes e mais barulhentas. A mudança foi mais no clima das músicas do que no som propriamente dito. Continuo usando os mesmos elementos, só que os sintetizadores e as guitarras estão aparecendo mais, as músicas estão mais diretas, mais pop e um pouco mais alegres.

Existe a possibilidade de lançar mais algum material pela gravadora? Eles também trabalham com compacto de vinil, lançando coisas de bandas como Summer Cats e The Bridal Shop. Seria legal o Postal Blue lançar umas duas músicas nesse formato. Imagino que muitos fãs já sugeriram isso.

De fato nós vamos lançar um 7" pela Plastilina, provavelmente no ano que vem.

No seu blog Weather Sensitive, você dá várias dicas sobre instrumentos e maneiras de gravações. Sabemos que você grava boa parte das músicas do Postal Blue em casa, e por isso mesmo foi aprendendo na prática. Conhecendo bem as técnicas, você pensou em produzir alguma banda? Quem você gostaria de produzir?

Apesar de já produzir os discos da banda há anos e de ter estudado muito o assunto, acho que ainda precisaria aprender muita coisa antes de assumir a responsabilidade de mexer nas músicas de outras pessoas. No passado, já tive a pretensão de produzir outras bandas e até pintaram convites de bandas aqui do Brasil, mas acabou não dando certo, e talvez tenha sido melhor assim. Hoje em dia, não tenho o menor interesse e muito menos pique pra isso.

Com tantas canções lançadas, existe alguma que você tem um carinho especial? Uma que você jamais se cansa de tocar, ou que não sai da sua cabeça?

Não tenho realmente favoritas, mas algumas músicas definem certos períodos e cada disco meu tem uma música que simboliza ou sintetiza aquele período para mim. No primeiro ep foi "Summer Is What You Call It", no segundo foi "Weather Sensitive", no álbum foi "Rainy Day" e no terceiro ep foi "The World Doesn't Need You", apesar de esse disco em especial ser mais forte do que os outros porque é bem mais difícil escolher essa música-símbolo. No ep novo, acho que é praticamente impossível porque são apenas três e todas são muito consistentes, além de terem um sabor de libertação, de realização pessoal, pelo fato de eu ter feito tudo sozinho, eu acho. Daqui a alguns meses talvez eu possa responder melhor.

E os próximos planos da banda? Podemos esperar um album para 2008? Algum projeto para os próximos meses?

Pretendo lançar mais alguma coisa esse ano ainda. Não sei se dá tempo de preparar um álbum, mas um outro single é bem provável. Ano que vem com certeza deve ser um ano mais ativo para a banda. Já passou da hora de lançar um segundo álbum e a minha intenção é de me dedicar a isso pra valer agora.

Deixe um recado final.

Pop kids of the World unite!







3 de agosto de 2008

Bubblegum Lemonade




A cidade de Glasgow é a nossa primeira parada. Terra natal do Bubblegum Lemonade, banda de um homem só, o senhor Lawrence McLuskey, mais conhecido como Laz. Descobri a banda visitando o site da gravadora americana Matinée, e quando ouvi o Bubblegum Lemonade achei que fazia parte do trabalho de relançamentos da gravadora, que compilou várias gemas perdidas do indiepop anos 80 de bandas como Razorcuts e Brighter. Imaginei isso por causa de canções como "Just Like You", que nos levam de volta para 1986, soando como os melhores compactos de bandas como Talulah Gosh, Groove Farm e Pastels. Mas para a minha surpresa descobri que a banda é nova!
O nome foi inspirado no álbum solo de Cass Eliot, uma das integrantes do The Mammas and The Papas. Dois eps foram lançados através da gravadora Matinée, o primeiro "Ten Years Yung" saiu no início do ano, e o segundo "Susan's In The Sky" acabou de sair. Provavelmente logo mais deve sair um álbum.
Além disso Laz toca também na Strawberry Whiplash (que vai também vai aparecer no Biff Bang Pop!) executando todos os instrumentos, enquanto sua amiga Sandra canta.

A influência dos conterrâneos do Jesus and Mary Chain é sentida imediatamente em faixas como "Ten Years Young" e "Unsafe At Any Speed", adicionando elementos ensolarados no espírito do álbum "Psychocandy", encobrindo os traços soturnos dos irmãos Reid. Aqui as canções transbordam energia melódica por meio da voz e da Rickenbacker de doze cordas de Laz. Não espere ouvir guitarras apitando microfonia e ruídos, e sim o resgate da classe de 86 fazendo enlaces com o pop dos anos 60. Preste atenção na byrdiana faixa "Tomorrow People" e verifique o teor sessentista da composição.

2 de agosto de 2008

Um Lugar Onde Todo Mundo Tem Uma Banda




A música pop é cheia de ciclos, há sempre novas tendências, resgates e reinvenções. Já faz parte do seu universo focalizar determinados lugares, que por diversos motivos se tornam o centro das atenções. Isso já aconteceu em Liverpool, Nova York, Manchester, Los Angeles, Bristol e muitas outras. Ultimamente os olhos dos fãs de música pop estão voltados para lugares como Islândia e Suécia. Todos esses locais contribuíram com bandas importantíssímas para a música, com seus altos e baixos.

A Escócia também é conhecida como um dos grandes pólos da música pop. Bandas como Jesus and Mary Chain, Franz Ferdinand, Josef K, Teenage Fanclub, Orange Juice, Belle and Sebastian, Primal Scream, Snow Patrol, Vaselines e muitos outros despertaram à atenção dos fãs de música pop ao redor do mundo. "Um lugar onde todo mundo tem uma banda", segundo a vocalista do Strawberry Whiplash.

Biff Bang Pop! tem um carinho especial com as bandas escocesas. Além de ser muito fã das bandas citadas, outras nem tão conhecidas assim, estão sempre em alta na parada particular do zine. Por aqui já passaram bandas como Belle and Sebastian, The Butcher Boy e Just Joans. E como forma de agradecimento e reconhecimento por tantas canções excelentes, vamos fazer um especial Biff Bang Pop! Escócia.

A intenção é mostrar algumas novidades, revisitar uns clássicos obrigatórios e dar algumas notas sobre programas de rádio, youtube, publicações e afins. Para não ficar enfadonho tratando do mesmo tema, vamos reversar com outras pautas sobre bandas não-escocesas.

Aguardem!