27 de outubro de 2009

Retrospectiva Biff Bang Pop - Discoteca Básica do Indiepop (parte 4)


Contra capa do disco Ostrich Churchya do Orange Juice


Postcard records

Como diz o release do selo escocês: sem a Postcard não existiria bandas como os Pastels, toda Classe de 86, Sarah records ou até mesmo os Smiths. E para citar bandas mais novas, temos o Franz Ferdinand, filhos indiretos da Postcard.



Não é por acaso que o seu fundador Alan Horne é considerado um dos grandes heróis da cena. Afinal quem no início dos anos 80 teria o poder visionário de acreditar no Orange Juice e lançar o 1º single da banda? Foi desse forno que saíram as primeiras gravações de Josef K, Aztec Camera e Go-Betweens.



Infelizmente a gravadora durou somente um ano. Mas foi o suficiente para contaminar gerações de bandas não só da Escócia como atravessou fronteiras, e continua uma referência na música pop independente.


22 de outubro de 2009

Picnic Hipster


Picnic Hipster é uma dupla paulista, formada por Ricardo Melo e Gustavo Cunha, e representa muito bem o lado mais intimista do gênero. Vozes suaves arredondam as melodias calcadas em violões e arranjos de cordas. Uma combinação das primeiras canções do Belle and Sebastian com tonalidades dos anos 60.


Canções como "Fantasmas do Passado" e "Recomeço" reinventam o clima de melancolia e apontam caminhos mais ingênuos e menos soturnos, que podem ser identificados nas letras. As duas são tão boas que seria difícil escolher qual seria o lado A de um single de trabalho.

Os dois já tocaram juntos em outras bandas. A primeira foi com Les Sucettes, uma banda com forte influência do pop francês sessentista. A segunda chamava Le Rock Démodé e durou pouco. Seguia a a trilha deixada pelos Sucettes com alguns atalhos para o folk rock.

Conheça mais sobre o Picnic Hipster nessa entrevista feita por e-mail com a dupla.


BBP -Como surgiu o Picnic Hipster? Vocês já tocaram juntos em outras bandas como o Les Sucettes e recentemente no Le Rock Démodé.É mais fácil trabalhar em dupla?

GUSTAVO - O Picnic surgiu da vontade de continuar a fazer música com o Ricardo, após o fim do Le Rock, em função do que continuávamos a acreditar em termos de conceitos e ideias musicais. Compatibilidade mesmo. Passamos por algumas experiências que não funcionaram e percebemos que ao invés do conformismo ou frustração, o melhor a fazer seria seguir em frente...

RICARDO - Realmente é muito mais fácil trabalhar em dupla. Tocar com um grande número de músicos é uma experiência bem agradável, mesmo porque fazemos arranjos para vários instrumentos. Mas na prática isso se mostrou inviável, era muito difícil 'gerenciar' uma banda com muita gente. Ao invés das coisas fluirem melhor, acabava-se perdendo o foco.

BBP-Nas influências do Picnic Hipster notamos a nata do folk e rock dos anos 60. Achei curioso colocar o Dinosaur Jr que é um tipo de som mais noise.
Existe esse lado em vocês que não foi mostrado?


GUSTAVO - É inegável que a música dos anos 60 para nós é uma fonte inesgotável. Mas sempre estivemos atentos a tudo o que musicalmente é interessante para nós. O Dinosaur Jr., penso eu ser uma influência significativa para qualquer banda de rock ou folk-rock. Mas enfim, sou suspeito para falar de J. Mascis, rs!


RICARDO - Temos um interesse musical bem amplo, que não fica restrito ao Folk/Twee. Certamente com o tempo nossa sonoridade vai sofrer algumas mudanças estéticas, e vamos mostrar outras faces musicais, mas é um processo evolutivo lento. Veja o caso de bandas como o of Montreal, o primeiro album Cherry Peel é completamente diferente do mais recente Skeletal Lamping, mas para mim continua sendo of Montreal, e gosto muito de ambos os discos. Acho que a identidade de uma banda ultrapassa os limites de um estilo musical.


BBP-Vocês acham que hoje existe mais espaço na mídia para o tipo de música que o Picnic Hipster faz?

GUSTAVO - Creio que há espaço para todas as manifestações musicais e sem dúvida alguma, algo que já foi falado exaustivamente, a internet contribui muito para isso.


RICARDO - Eu ainda não sei até que ponto a democratização da informação promovida pela internet é benéfica ou não para bandas independentes como a nossa. É um fenômeno recente. Já não se ouve mais música como antigamente... nosso som é um tanto específico, e sinceramente não creio que o 'Folk Twee' venha a conseguir muita evidência na mídia brasileira (apesar de recentemente ter surgido na mídia uma onda pseudo-folk). Deve ser o calor, o clima tropical daqui...acho que estamos um pouco à parte de tudo isso. Seria ótimo ter mais espaço, mas a falta disso não nos impedirá de continuar o que estamos fazendo.








BBP- No myspace vocês colocaram somente duas músicas. Quando sai algum single ou álbum?

GUSTAVO - Estamos finalizando a produção de mais algumas faixas e logo lançaremos um EP.
RICARDO - Temos muitas canções prontas para gravar. Provavelmente depois que lançarmos alguns EPs vamos reuní-los num só album.

BBP-Para finalizar escolham dois discos que representam de alguma forma o som do Picnic Hipster


GUSTAVO - Take a Picture - Margo Guryan.

RICARDO - Só dois? pergunta complicada...vou ultrapassar o limite...eu diria que se nunca tivesse ouvido Simon & Garfunkel - Parsley, Sage, Rosemary and Thyme, Tindersticks - Tindersticks (1994), Belle & Sebastian - Fold Your Hands Child, You Walk Like A Peasant e of Montreal - The Gay Parade, o som do Picnic Hipster não seria esse.


Vai lá!

18 de outubro de 2009

Blog da Vez: Revista Samba


Samba é uma das melhores revistas de quadrinhos do Brasil. Não importa a categoria: major ou independente (ou como eles mesmo dizem: dependentes). Os caras da Samba comandam!





Quadrinhos doentes, cheios de neuras, sacadas, observações do dia-a-dia, mundos paralelos ao lado do seu quarto, filosofia de casas noturnas, diálogos sem sentido em traços diversos. E um humor tipicamente urbano. Assim é o universo da Samba.










As histórias de Gabriel Góes, LTG, Tiago Lacerda, Stevz, Gabriel Mesquita e outros colaboradores, fazem conexão com os filmes de David Lynch, gente dos quadrinhos como MZK e Fábio Zimbres, ficção científica dos anos 50, mangás toscos, a extinta revista Animal e pouca explicação.






Algumas histórias funcionam melhor para quem conhece Brasília e suas Superquadras. Piadas locais, que podem criar outros sentidos em terras alheias. Mas ainda assim dão o seu recado.









Há pouco tempo eles lançaram mais duas revistas da editora Samba: Kowalski e Amarelo Laranja e Vermelho.




Para comprar a sua edição impressa entre em contato com o pessoal da Kingdom Comics:



kingdomatendimento@gmail.com


Vai lá!

17 de outubro de 2009

Vaselines na 90.3 FM rádio de Seattle


Foto: Andrea Onishi

Para começar bem o sábado dois vídeos do Vaselines, gravados em junho deste ano para KEXP 90.30 FM,rádio de Seattle.



Por acaso as duas escolhidas ganharam versões do Nirvana: Molly's Lips e Son of Gun. Versões acústicas. A qualidade da imagem e do áudio ficaram excelentes!


Confiram:




16 de outubro de 2009

Retrospectiva Biff Bang Pop - Discoteca Básica do Indiepop (parte 3)


The Go-Betweens


A partir daí começaram a surgir bandas como Talulah Gosh, Vaselines,Groove Farm,Razorcuts, The Clouds, Groovy Little Numbers e muitas outras que desenvolveram as ideias e sonoridades iniciadas com o Orange Juice e o TV Personalities.



Não podemos falar de indiepop sem dar a devida importância aos selos que viabilizaram a circulação dos discos lançados por tais grupos. Na cena indiepop alguns selos tornaram-se sinônimo de qualidade.



Muitas pessoas adquiriam os seus discos confiando somente na marca do selo. Havia todo um conceito por trás daqueles discos,geralmente no formato de singles de 7 polegadas, com uma tiragem baixa que logo se tornavam disputadíssimos.



A forma de distribuição era feita basicamente por meio de vendas via correio ou então distribuídos nos fanzines que traziam flexi discs encartados em cada exemplar. Furando dessa maneira o esquema de distribuição das grandes gravadoras.



Assim foi com a Sarah records, a 53rd & 3rd, Sha-la-la, Postcard e muitos outros. Segue um resumo sobre os selos mais importantes de indiepop:

Continua...


10 de outubro de 2009

Boyracer o lado punk do indiepop


Para quem acredita no senso comum de que indiepop é música de mulherzinha, som fofinho,ou representa bandas "mornas" vai mudar com urgência o seu conceito sobre o gênero quando ouvir qualquer música do Boyracer.

Banda que surgiu no início dos anos 90 da cidade de Leeds na Inglaterra e adicionou guitarras nervosas, andamentos ligeiros e vocais desafinados em 13 álbums e algumas dezenas de singles e coletâneas.


Em 2001 oficialmente a banda bateu as botas, pois o seu vocalista e mentor casou-se e mudou o seu endereço para os Estados Unidos. Mas de vez em quando a saudade é maior e rola umas reuniões com shows.

O Boyracer não era um grupo comum. Uma das bandas com maior rotatividade de integrantes, uma média de 40 pessoas já integraram a banda!



E o que eu acho mais incrível: lançaram alguns singles via Sarah records, uma gravadora com preferências folk pop mas que abriu uma exceção para som urgente e desorientado do Boyracer.


6 de outubro de 2009

Retrospectiva Biff Bang Pop - Discoteca Básica do Indiepop (parte 2)



Muito antes da NME "descobrir" tal cena, bandas como Biff Bang Pow!(hein?),BMX Bandits, Shop Assistants e The Pastels já estavam na ativa.


Faziam shows para poucos privilegiados e registravam suas gemas pop em singles de 7 polegadas lançados por micro selos como Whaam records, Villa21, Postcard e 53rd & 3rd.


Alguns apontam como o chute inicial do indiepop o disco "And Don't The Kids Just Love It" álbum de estréia do Television Personalities lançado em 1981. Disco tão fundamental para o indiepop, quanto o Velvet & Nico é para o indie rock.


Outros dizem que o começo de tudo está nos escoceses do Orange Juice, que lançou "You Can Hide Your Love Forever", também no início dos anos 80.


O Television Personalities fazia uma conexão direta com o punk, evidenciava isso nas gravações precárias e na postura "faça-você-mesmo" sem abandonar as melodias grudentas.


O Orange Juice também apostava todas as suas fichas no pop assobiável sem desconsiderar a veia punk de origem. Enfim as duas bandas provocaram casualmente o equilíbrio entre a melodia e a postura punk.


Dois discos que mudaram a concepção de música pop independente, que mostraram as possibilidades de fazer pop songs sem apelar para fórmulas descartáveis de sucesso comercial.






Continua...

5 de outubro de 2009

Documentário All Tommorow's Parties



Dia 14 de outubro vai ser exibido o filme All Tomorrow's Parties, documentário feito pelo pessoal da Warp records sobre um dos melhores festivais de música alternativa.

A sessão vai acontecer na Cultura Inglesa de São Paulo no Centro Brasileiro Britânico.

O festival foi criado em 1999 por gente que não concordava com o esquema de grandes festivais patrocinados por mega-corporações sem rosto.

A ideia era oferecer a curadoria do All Tomorrow's Parties para os próprios artistas.

Gente como Thuston Moore do Sonic Youth, o pessoal do Belle and Sebastian e Breeders já assumiram o comando do evento.

Nos palcos do ATP já passaram artistas como Shellac (do produtor fodão Steve Albini), os já citados Sonic Youth e Belle and Sebastian, Battles, Iggy e os Stooges, Patty Smith, Grizzly Bear e mais um monte.

Olha o trailer do filme




Serviço:

Dia 14/10, quarta, às 20h
Exibição do “All Tomorrow’s Parties - The Film”, inédito no Brasil
Apresentação do filme e sessão de perguntas e respostas com Tom Panton – produtor da WARP
Sala Cultura Inglesa do Centro Brasileiro Britânico (Duke of York Auditorium)
Rua Ferreira Araújo, 741 / Térreo – Pinheiros. São Paulo – SP.

Retirada de ingressos gratuitos:
- dia 14 de outubro das 15h às 18h30 – no Depto. Cultural - Cultura Inglesa - Rua Ferreira de Araújo, 741 – 3º andar,
- dia 14 de outubro das 18h30 até o início do filme – na recepção do CBB - Rua Ferreira de Araújo, 741 – térreo
Filme em inglês - sem legenda, com a duração 82 min.
Não recomendado para menores de 16 anos de idade.