23 de agosto de 2008

Pero es olor en el cuarto del piano fue el primer perfume que necesitó en su vida V/A


Uma boa história merece ser contada várias vezes, e de diversas formas. Em alguns casos a transposição da linguagem original é um caminho natural, uma chance de mostrar a obra sob outro prisma, apontar atalhos e encher a imaginação de possibilidades.
Esse é o caso da trilha sonora "Pero Ese Olor En El Cuarto Del Piano Fue El Primer Perfume Que Necesitó En Su Vida". Na verdade é uma trilha sonora imaginária para o livro "Un mundo para Julius" (lançado no Brasil em 1987 pela Editora Rocco, atualmente fora de catálogo) do escritor peruano Bryce Echenique.

O segundo lançamento do selo/coletivo Si no puedo bailar no es mi revolución, já enche os olhos com o cuidado visual do cd. As ilustrações da embalagem digipack, que abre em 3 partes, retrata várias cenas da história, transpassando o espaço da capa, abas e contracapa, cobrindo o disco propriamente dito e ainda dimensionando tudo isso em um poster encartado. A arte ficou por conta de Gustavo Gialuca, que também desenhou o primeiro lançamento do selo. Além disso existe um site incrível especialmente feito para divulgar o disco, com informações sobre o projeto, as bandas e os pontos de venda da trilha.

Participam dessa trilha bandas do México, Peru, Chile, Argentina, Porto Rico, Venezuela, Chile e Brasil. Juntas elas delineam a história através das canções ora instrumentais e algumas com voz. A sonoridade que permeia a trilha transita entre o pop experimental e elementos de música eletrônica beirando o minimalismo. Os artistas exploram instrumentos pouco usais na música pop como vibrafone, escaleta, teclados antigos, pianos de brinquedo, glockenspiel, harmonica e acordeão. A ordem das músicas foi dividida nos trechos mais importantes do livro, e as canções sutilmente conduzem o ouvinte a imaginar a história ou recriar as cenas, desvendando assim uma atmosfera de sonho.

Com o auxílio dos outros participantes, artistas como Juan Stewart (destaque para a excelente faixa "Si hay bulla no hay futbolín"), Lise (com a melancólica canção "Sinara Aïssatou"), Arturo En El Barco (com seus ruídos fantasmagóricos) espírito divertido de Felipe Moreno ou os arranjos orquestrados de Jög conseguem estampar com perfeição a paisagem sonora do livro.

A trilha é ideal para diferentes experiências sensoriais, extraídas das formas mais simples como fechar os olhos, escutá-la com fones de ouvido ou quando a casa dorme, captando detalhes não percebidos nas audições anteriores. Assim como um bom livro merece releituras, o mesmo se aplica ao disco.

3 comentários:

Unknown disse...

Mr.!! Excelente!!! Mil gracias!!! Na verdade, gostei mais dessa resenha que da primeira!!! Uma beleza!

Biff Bang Pop! disse...

Obrigado Rodrigo!

Anônimo disse...

Bela resenha. Comprei o cd, está mais fofo do que o primeiro... me inspira a refletir :)